[Leia a versão em português abaixo]
Welcome to ‘Transformative Tales: Voices of Empowerment’. In this interview series, you’ll meet inspiring women who fight against inequality, social injustice and climate change. My aim is to amplify their voices and stories, so more people can see the change they are driving. And by women, I mean everyone who identifies as a woman. Their experiences and insights are a source of inspiration for us all.
Let’s make a difference together, one story at a time! 🌟
Meralney Bomba: from fitfluencer to climate activist on the island of Bonaire
“It’s not just about nature, it’s also about our health, our families and our future.” With these words, Meralney Bomba sums up why she fights for climate justice on Bonaire, the island where she grew up. Once known as the always-smiling fitfluencer, three years ago she applied for a job at Greenpeace. It was a choice that changed her life ánd made her aware of the climate crisis that is hitting her island harder every year.
“I had never heard of Greenpeace before,” Meralney recalls. Her brother pointed out the vacancy, telling her: “This is important.” She decided to give it a try. “If it’s meant for me, then it’s for me. If not, then not.” She got the job.
The reality of Bonaire
Today, Meralney works as a community mobiliser for Greenpeace. “I organise gatherings – often just outside, under a tree – where I talk to people about our work and try to raise awareness.” Many islanders notice the heatwaves and changes in their surroundings, but don’t immediately connect them to the bigger picture of climate change. “What I try to show is that these events don’t stand alone, but are part of something larger that shapes our lives.”
Bonaire is a small island of around 26,000 people in the southern Caribbean, just off the coast of Venezuela. Officially, it is part of the Netherlands as a ‘special municipality’. But the reality is far removed from what people in European Netherlands are used to: healthcare, social security and infrastructure are far more limited here.
Inequality and loss
Meralney and many others, feel that inequality every single day. “There is poverty,” she says. “And everything keeps getting more expensive. Many people, including myself, have to juggle two or three jobs just to make ends meet. On top of that, Bonaire is still poorly developed – both digitally and in terms of infrastructure. The basic services that people in European Netherlands take for granted are far less available here.”
What makes this inequality even more painful is that wealthy countries like the Netherlands produce far higher greenhouse gas emissions, while small islands like Bonaire are among the first to feel the effects. Research by the Vrije Universiteit in Amsterdam shows that sea-level rise could submerge a fifth of the island by the end of this century. The coral reefs that still act as natural breakers against flooding are also under severe pressure.
The court case in The Hague
Following this research, Greenpeace urged the Dutch government to take responsibility and protect Bonaire against climate change. When nothing happened, the organisation went to court to demand action. Because where European Netherlands has all kinds of climate plans – such as a national adaptation strategy and a Delta Plan – nothing of the sort exists for Bonaire. “It feels like they’ve forgotten us,” says Meralney.
In October, the case will be heard in The Hague – a historic moment that could prove decisive not only for Bonaire, but also set an example for other climate-vulnerable communities around the world. Meralney stresses that the demands go beyond just protecting her island. “We are also asking the Dutch government to take responsibility for reducing its own CO₂ emissions. We cannot protect our island if we don’t tackle the root causes of climate change.”
Awareness in the community
Meralney’s role as a community organiser is crucial in this process. She builds support within her community, explaining and raising awareness about the case. “To me this feels big, but I want the community to feel it too. That’s why I keep telling people why this matters, why it concerns us. Just going to court isn’t enough. We have to understand it together.”
But bringing people along is far from easy. Meralney often sees the same faces at gatherings – people who already know the issues. “That’s frustrating, because what we need are new faces: people with questions, who are only just starting to think about these things. We want to reach them too.”
The strength of community
When Meralney talks about her community, her voice softens. “People here are different – in a good way. We’re friendly and open. Our culture is about joy and togetherness. But lately, that joy has faded. People stay indoors more and talk less. Social life has moved online.” She sighs. “But we can’t give up. We need to keep encouraging each other to keep going and to care for one another. In the end, all we have is each other – we are the ones still living here on the island, and we need to be there for one another.”
Hope for the future
If countries like the Netherlands cut their contribution to global warming and switch to sustainable alternatives, Meralney believes climate justice is still within reach. “There are plenty of solutions that allow us to move forward without destroying the planet. If we act now, we can build a better future. Not just for Bonaire, but for the whole world.”
Meralney draws her strength from a deep belief in people. “No one truly wants to live in a world that’s falling apart. Most people want a liveable planet – for themselves and for future generations. And if we work together, we can make that happen.”
Would you like to follow Meralney in her fight for climate justice on Bonaire? Stay connected through her Instagram: @naney.m and @youngislandvoice & Tik Tok: @naney.m. Follow Greenpeace for updates on their climate justice work through their Instagram@greenpeacenl and @greenpeacebonaire
Credits photo Meralney: © Roëlton Thodé / Greenpeace
————————————————————————————————————————————————————————————–
[versão em português]
Bem-vindo(a) a Transformative Tales: Voices of Empowerment. Nesta série de entrevistas, você vai conhecer mulheres inspiradoras que lutam contra a desigualdade, a injustiça social e a crise climática. Meu objetivo é amplificar suas vozes e histórias, para que mais pessoas possam enxergar as mudanças que elas estão impulsionando. E quando falo em mulheres, quero dizer todas as pessoas que se identificam como mulheres. Suas experiências e percepções são fonte de inspiração para todas nós.
Vamos fazer a diferença, uma história de cada vez! 🌟
Meralney Bomba: de fitfluencer a ativista climática na ilha de Bonaire
“Não se trata apenas da natureza, mas também da nossa saúde, das nossas famílias e do nosso futuro.” Com essas palavras, Meralney Bomba resume por que luta por justiça climática em Bonaire, a ilha onde cresceu. Conhecida antes como a fitfluencer sempre sorridente, há três anos ela se candidatou a uma vaga no Greenpeace. Foi uma escolha que mudou sua vida e a fez enxergar a crise climática que atinge sua ilha cada vez mais forte.
“Eu nunca tinha ouvido falar do Greenpeace antes,” lembra Meralney. Seu irmão mostrou a vaga e disse: “Isso é importante.” Ela decidiu tentar. “Se for para mim, é para mim. Se não for, não é.” E acabou sendo contratada.
A realidade de Bonaire
Hoje, Meralney trabalha como mobilizadora comunitária no Greenpeace. “Organizo encontros – muitas vezes ao ar livre, debaixo de uma árvore – onde falo sobre o nosso trabalho e tento despertar consciência.” Muitos moradores percebem as ondas de calor e as mudanças ao redor, mas não associam isso automaticamente ao quadro maior da crise climática. “O que tento mostrar é que esses acontecimentos não estão isolados, mas fazem parte de algo maior que molda nossas vidas.”
Bonaire é uma pequena ilha com cerca de 26 mil habitantes no sul do Caribe, logo em frente à costa da Venezuela. Oficialmente, faz parte da Holanda como um “município especial”. Mas a realidade está muito distante do que as pessoas na Holanda europeia estão acostumadas: saúde, segurança social e infraestrutura são bem mais limitadas aqui.
Desigualdade e perdas
Para Meralney e muitos outros, essa desigualdade é sentida todos os dias. “Há pobreza”, diz ela. “E tudo continua ficando mais caro. Muitas pessoas, inclusive eu, precisam combinar dois ou três empregos só para sobreviver. Além disso, Bonaire ainda é mal desenvolvida – tanto digitalmente quanto em infraestrutura. Os serviços básicos de que as pessoas na Holanda europeia dispõem quase não existem aqui.”
O que torna essa desigualdade ainda mais dolorosa é que países ricos como a Holanda emitem muito mais gases de efeito estufa, enquanto pequenas ilhas como Bonaire estão entre as primeiras a sentir os impactos. Uma pesquisa da Vrije Universiteit, em Amsterdã, mostra que a elevação do nível do mar pode submergir um quinto da ilha até o final deste século. Os recifes de coral, que hoje ainda funcionam como barreiras naturais contra enchentes, também estão sob enorme pressão.
O processo em Haia
Após essa pesquisa, o Greenpeace pediu ao governo holandês que assumisse a responsabilidade e protegesse Bonaire contra as mudanças climáticas. Como nada aconteceu, a organização entrou na justiça para exigir medidas. Enquanto a Holanda europeia conta com diversos planos climáticos – como uma estratégia nacional de adaptação e o Delta Plan -, nada parecido existe para Bonaire. “Parece que nos esqueceram,” diz Meralney.
Em outubro, o caso será julgado em Haia – um momento histórico que pode ser decisivo não só para Bonaire, mas também servir de exemplo para outras comunidades vulneráveis ao clima no mundo. Meralney ressalta que as exigências vão além de apenas proteger sua ilha. “Também estamos pedindo que o governo holandês assuma a responsabilidade de reduzir suas próprias emissões de CO₂. Não podemos proteger nossa ilha se não enfrentarmos as causas profundas da crise climática.”
Conscientização na comunidade
O papel de Meralney como mobilizadora comunitária é crucial nesse processo. Ela constrói apoio dentro da comunidade, explicando e conscientizando sobre o processo judicial. “Para mim, isso parece grande, mas quero que a comunidade também sinta isso. Por isso continuo explicando às pessoas por que isso importa, por que nos diz respeito. Só ir à justiça não basta. Precisamos entender juntas.”
Mas engajar as pessoas está longe de ser simples. Meralney muitas vezes vê os mesmos rostos nos encontros – pessoas que já conhecem os problemas. “Isso é frustrante, porque o que precisamos são de novos rostos: pessoas com perguntas, que estão apenas começando a pensar sobre essas questões. Queremos alcançá-las também.”
A força da comunidade
Quando Meralney fala sobre sua comunidade, sua voz suaviza. “As pessoas aqui são diferentes – de um jeito bom. Somos amigáveis e abertas. Nossa cultura é de alegria e união. Mas, ultimamente, essa alegria se perdeu. As pessoas ficam mais em casa e conversam menos. A vida social migrou para o online.” Ela suspira. “Mas não podemos desistir. Precisamos continuar incentivando umas às outras a seguir em frente e a cuidar umas das outras. No fim, tudo o que temos somos nós mesmas – somos nós que ainda vivemos aqui na ilha, e precisamos estar presentes umas para as outras.”
Esperança para o futuro
Se países como a Holanda reduzirem sua contribuição para o aquecimento global e adotarem alternativas sustentáveis, Meralney acredita que a justiça climática ainda é possível. “Existem muitas soluções que permitem avançar sem destruir o planeta. Se agirmos agora, podemos construir um futuro melhor – não apenas para Bonaire, mas para o mundo inteiro.”
Meralney tira sua força de uma profunda fé nas pessoas. “Ninguém quer realmente viver em um mundo que está desmoronando. A maioria das pessoas só quer um planeta habitável – para si mesmas e para as próximas gerações. E se trabalharmos juntas, podemos tornar isso realidade.”
Quer acompanhar Meralney em sua luta por justiça climática em Bonaire? Conecte-se pela Instagram: @naney.m e @youngislandvoice & TikTok: @naney.m. Acompanhe o Greenpeace para atualizações sobre sua luta por justiça climática no Instagram: @greenpeacenl e @greenpeacebonaire
Créditos da foto da Meralney: © Roëlton Thodé / Greenpeace